A visão de Darwyn Cooke para o personagem de Will Eisner é emocionante

A visão de Darwyn Cooke para o personagem de Will Eisner é quase perfeita

Provavelmente não teve perda mais triste para o mercado de quadrinhos que a do roteirista e desenhista Darwyn Cook, falecido em 2016. O ex-animador da Warner se destacou nos quadrinhos quando provou entender muito bem os super-heróis da DC e seus legados com obras como DC: A Nova Fronteira, Mulher-Gato: Um Crime Perfeito e Batman: Ego, entre outras. Também mostrou uma grande aptidão para histórias policiais ao adaptar para os quadrinhos os livros de Richard Stark estrelados pelo “criminoso honesto”, Parker. A morte de Cooke, no auge do talento e da fama, deixou o mercado de quadrinhos mais pobre.

Cooke uniu os super-heróis e os quadrinhos policiais nas série do Spirit que criou para a DC em 2007. Já houve outras tentativas de modernizar o personagem de Will Eisner e seu universo, mas provavelmente a de Cooke é a mais bem-sucedida.

Pelo roteiro e arte de Cooke (com auxílio de J. Bone nos desenhos), o Spirit é lançado num mundo de telefones celulares e tevês a cabo, mas continua enfrentando os mais perigosos criminosos na cidade de Central City à moda antiga. Neste segundo volume, ele se une à velha conhecida Satin, uma agente do governo, para impedir a explosão de uma bomba por terroristas; investiga o misterioso assassinato de uma ativista política e ainda revela seu próprio passado com a lendária Sand Saref, em uma aventura muito pessoal.

Mas a melhor história, contada em duas partes (e um sutil interlúdio) é aquela em que o Spirit enfrenta Alvarro Mortez, El Morte, um criminoso que é trazido de volta à vida por meios sobrenaturais. Não apenas El Morte, deformado e putrefato, tenta matar criminosos concorrentes pela cidade, como pretende também acabar com o Spirit e seus aliados. Na conclusão, emocionante e repleta de suspense, o vilão reúne um exército de zumbis devoradores de carne e cérebros, que pretende usar para atacar e dominar a cidade. É uma história violenta e agitada, passada em várias frentes, com algumas imagens bastante gráficas, do tipo que Eisner nunca colocaria em suas histórias. Tem o mérito de deixar o leitor tenso, virando as páginas à alta velocidade.

Cooke também faz um bom trabalho ao explorar os coadjuvantes do Spirit. O Comissário Dolan continua como alívio cômico, mas também mostra uma atitude mais dinâmica e não se furta a meter balas certeiras contra inimigos. Ébano agora é um motorista de táxi que leva o Spirit a todo canto e o ajuda a resolver alguns casos, capaz de atos de coragem impressionantes. Já Ellen Dolan, a eterna enamorada do herói, se mostra uma heroína inteligente e destemida quando se trata de ajudar ou defender seu homem.

O volume traz ainda algumas histórias curtas, de oito páginas, de outras equipes criativas, mas nenhuma delas é tão boa quanto as de Cooke. A edição lida tem capa dura com sobrecapa e bom papel, mas comete o mesmo erro do primeiro volume: coloca o logotipo do personagem recortado na sobrecapa, o que faz com que os contornos das letras vazadas rasguem ou se dobrem. Procure a versão em capa de cartão ou, se ler esta edição em capa dura, guarda a sobrecapa durante a leitura.

De resto, diversão garantida. E mais motivo ainda pra sentir falta de Cooke.

Will Eisner’s The Spirit: Book Two (2008, DC Comics)
Autores: Darwyn Cooke, J. Bone e Dave Stewart
176 páginas

Nota: 9 nerds (de 10) 😎😎😎😎😎😎😎😎😎


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