It had all the makings of an excellent B-movie… they just forgot one thing
A VERSÃO EM PORTUGUÊS ESTÁ ABAIXO/THE PORTUGUESE VERSION IS BELOW
Skydance Studios, affiliated with Paramount Pictures, has been producing a series of exclusive films for the Apple+ streaming service, with varying levels of quality but attracting decent audience numbers. Their latest is The Gorge (2024), which premiered on February 14th—not coincidentally, given the film’s theme, on Valentine’s Day in the U.S. It’s a romantic movie with a supernatural plot as its backdrop. Or is it the other way around?
Directed by Scott Derickson, best known for the first Doctor Strange, the movie brings two reasonably well-known stars in its lead roles. Miles Teller (Top Gun: Maverick) plays Levi, a traumatized sniper who has killed dozens while working for the government and for private entities. But don’t worry, you know that deep down he’s a good person because the screenplay and the helmer immediately use the old, tired trope of showing the character petting a dog on the street to prove he has a big heart. Soon, a special agent, played by Sigourney Weaver, offers him a new mission: to spend a year alone guarding a Western-controlled fortification on the edge of a mysterious gorge in an unknown country, to which he is taken under sedation and heavy security.

On the other side of the gorge there’s another distant base, managed by the Russians, with another sniper. In this case, it’s Drasa, played by Anya Taylor-Joy (whom we’ve seen in The Witch and Last Night in Soho), who, despite also being an excellent shooter, can’t be entirely bad since her love for her sick father is made very clear. She too has received a similar mission to Levi’s: to guard the gorge and prevent whatever is inside from escaping.
It doesn’t take long for the audience to get an idea of what’s in the gorge, not only through the accounts of the English soldier Levi replaces but also from the strange creatures that soon appear and force the duo of heroes, even though separated, to thwart a first offensive. This joint action sparks a long-distance relationship between the two, based on binoculars, Ramones music, and (as nods to the actors’ previous works) chess games (from The Queen’s Gambit, the miniseries starring Taylor-Joy) and improvised drumming sessions (from Whiplash, Teller’s acclaimed movie). Soon, they devise a way to meet face-to-face and start a romance. Everything seems nice and cozy until Levi has an accident and falls into the gorge, followed by Drasa, who tries to save him.

Most of this is shown in the trailer, so don’t complain about spoilers. What the trailer doesn’t reveal, however, is that the film works much better in its first half than in its second. The development of the relationship between Levi and Drasa is well-executed, using a romantic tone without overdoing it, which helps explore both characters’ personalities and traits. But from the moment the duo must face what lies below (and don’t worry, no spoilers here), a significant problem for a production of this kind — a genre movie — becomes clear. There are chases, fights, shootouts, and surprises, but none of these situations make the audience cheer, jump in their seats or feel nervous. The film lacks even the minimum level of excitment.
The blame doesn’t seem to lie with the script by Zach Dean, who previously gave us the entertaining — but somewhat inconsistent — The Tomorrow War, starring Chris Pratt. It’s not that The Gorge’s screenplay is brilliant and flawless. It has some plot holes: it is not explained why only one sniper is assigned to guard each side of the gorge or why whatever is down there doesn’t use another path to escape—if there’s a fortress on each side, isn’t there an exit to the right or left, or even through the middle, even if it’s distant? But that’s fine; it’s a B-movie script — it doesn’t need to make complete sense to entertain.

So, the lack of excitment and suspense really falls on director Derrickson. His direction is competent but bureaucratic. Everything is well done: the settings are creative, some of the visual concepts seen below are potentially frightening, and the actors perform well. But there’s no enthusiasm about the on-screen dangers. The audience absorbs everything without feeling empathy for the heroes. It also doesn’t help (and this is indeed the screenplay’s fault) that it seems like we’ll get the big climax in the second act, but it only comes in a rather lackluster way in the third, almost dragging on.
In the end, it’s not a bad film. But it could have been memorable with a more invested director.
The Gorge (2024, Skydance Pictures)
Starring Miles Teller and Anna Taylor-Joy
Written by Zach Dean, Directed by Scott Derrick
127 minutes
Rating: 7 Nerds (out of 10) 😎😎😎😎😎😎😎
////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////
Romance ou filme de terror? ENTRE MONTANHAS

Tinha tudo para ser um excelente Filme B… só esqueceram um detalhe
O estúdio Skydance, ligado à Paramount Pictures, tem produzido uma série de filmes exclusivos para o streaming Apple+, com resultados variados de qualidade, mas que têm atraído bons números de audiência. O mais recente deles é Entre Montanhas (The Gorge, 2024), que estreou em 14 de fevereiro – não por acaso, pelo tema do filme, no Dia dos Namorados americano. É um filme de relacionamento romântico que tem, como pano de fundo, um trama sobrenatural. Ou seria o contrário?
Dirigido por Scott Derickson, mais conhecido pelo primeiro Dr. Estranho, o filme traz dois astros de razoável renome em seus papéis principais. Miles Teller (de Top Gun: Maverick) é Levi, um atirador de elite traumatizado por ter matado dezenas de pessoas a serviço do governo e de entidades particulares. Mas, tudo bem, você sabe que no fundo ele é uma boa pessoa porque o roteiro e o diretor usam logo de cara o velho e batido recurso de mostrar o personagem acariciando um cachorro na rua para mostrar que ele tem bom coração. Logo aparece uma agente especial, feita por Sigourney Weaver, que oferece a ele uma nova missão: passar um ano, sozinho, tomando conta de uma fortificação controlada pelo ocidente à beira de um misterioso desfiladeiro num país desconhecido, para o qual é levado sob sedação e sob forte segurança.

Do outro lado do desfiladeiro, há uma outra base longínquas, de responsabilidade dos russos, em que há também um outro atirador de elite. No caso, Drasa, papel de Anna Taylor-Joy (que já vimos em A Bruxa e Noite Passada em Soho) que apesar de também ser uma excelente atiradora, não pode ser de todo má, já que é mostrado seu amor pelo pai doente. Ela também recebeu uma missão parecida com a de Levi, a de tomar conta do tal desfiladeiro e impedir que saia de lá o que quer que seja.
Não demora para o espectador ter uma ideia do que tem no desfiladeiro, não só por relatos do soldado inglês que Levi substitui, quanto pelos estranhos seres que logo dão as caras e forçam a dupla de heróis, mesmo separada, a impedir uma primeira ofensiva. Essa ação conjunta dá início a um relacionamento a distância entre os dois, à base de binóculos, músicas dos Ramones e (como referências a trabalhos anteriores dos dois atores), jogos de xadrez (O Gâmbito da Rainha, minissérie estrelada por Taylor-Joy) e sessões tocando baterias improvisadas (Whiplash, filme com Teller). Logo eles bolam um jeito de se encontrar cara a cara e iniciam um romance. Tudo parece fofinho, até que Levi sofre um acidente e cai no desfiladeiro, no que é seguido por Drasa, que tentará salvá-lo.

Tudo isso meio que é mostrado no trailer, então não adianta vir reclamar de spoiler. O que o trailer não conta, porém, é que o filme funciona muito melhor na primeira metade que na segunda. A construção do relacionamento entre Levi e Drasa é bem-conduzida, usando um tom romântico sem exageros, que ajuda a explorar as personalidades e características de ambos. Mas, a partir do momento em que a dupla precisa enfrentar o que está lá embaixo (e, não se preocupe, sem spoilers aqui), começa a ficar claro um problema de certa magnitude para uma produção desse tipo, um filme do gênero fantástico. Há correrias, lutas, tiroteios e surpresas, mas nenhuma dessas situações leva o espectador a torcer, pular na poltrona ou ficar nervoso. Falta o mínimo de emoção ao filme.
A culpa não parece ser do roteiro de Zach Dean, que já nos deu o divertido – mas um tanto incongruente – A Guerra do Amanhã, com Chris Pratt. Não que o roteiro de Entre Montanhas seja genial e perfeito. Tem alguns furos, como o de não explicar porque colocar apenas um único atirador para tomar conta de cada lado do desfiladeiro ou porque o que está lá não usa outro caminho para escapar – se há uma fortaleza de cada lado, não há uma saída à direita ou à esquerda, pelo meio, mesmo se longínqua? Mas tudo bem, é um roteiro de filme B, ele não precisa ter lógica para divertir.

Então, a culpa da falta de emoção e suspense recai mesmo sobre o direitor Derrickson. Sua direção é correta, mas burocrática. Tudo é até bem feito: os cenários são criativos, algumas das concepções visuais vistas lá embaixo são potencialmente assustadoras e os atores estão bem. Mas a empolgação com os perigos em tela é inexistente. O espectador vai absorvendo tudo sem sentir empatia pelos heróis. Também não ajuda (e isso, sim, é culpa do roteiro) que pareça que teremos o clímax no segundo ato, mas que ele se dê de maneira meio sem graça no terceiro apenas, de maneira quase arrastada.
Mais perto de casa, eu gostaria de saber tem teve a ideia de dar o título de Entre Montanhas a um filme com elementos de ficção científica e terror. Caberia o mais lógico e simples “O Desfiladeiro” ou, para deixar claro para o possível espectador qual o gênero do filme, algo como “Desfiladeiro Maldito”. Apelativo, sim, mas é um filme B, convenhamos, e merece um título apropriado.
No final das contas, não é um filme ruim. Mas poderia ser algo memorável com um diretor mais interessado.
Entre Montanhas (The Gorge, 2024, Skydance Pictures)
Com Miles Teller e Anna Taylor-Joy
Roteiro de Zach Dean, Direção de Scott Derrick
127 minutos
Nota: 7 Nerds (de 10) 😎😎😎😎😎😎😎
